APRESENTAÇÃO
"CASINHA DE PRAZER" é uma instalação inspirada nas construções típicas das Quintas Madeirenses, atribuídas à influência inglesa durante o comércio de açúcar entre o final do século XVIII e meados do século XIX. Essas pequenas construções, feitas de madeira ou pedra e estrategicamente situadas nos jardins das Quintas, ofereciam amplas vistas da rua e da paisagem. Elas serviam como refúgios tranquilos para os proprietários e seus convidados, sendo espaços destinados ao relaxamento e à socialização, refletindo um estilo de vida mais contemplativo e conectado com a natureza.
A instalação proposta recria essa ideia com uma estrutura triangular, fazendo referência à forma das casas típicas de Santana. A estrutura é projetada em um formato fractal que se expande em três direções, com cada lado apresentando uma parte aberta e outra fechada. Essa configuração busca fugir do convencional e elitista, aproximando-se de algo mais acessível e popular. As aberturas na estrutura permitem livre circulação, enquanto as treliças oferecem privacidade e a possibilidade de observar a paisagem de forma discreta.
Esse projeto está intimamente ligado à pesquisa etnobotânica do artista, que explora as identidades locais e a relação entre fauna, flora, humanos e territórios. A casinha de prazer se posiciona como uma fronteira entre o público e o privado, proporcionando um espaço de recolhimento e introspecção, onde se pode observar a paisagem e estimular novas possibilidades e abstrações.
O conceito de paisagem, que surgiu no Renascimento com a pintura, é entendido aqui como uma junção entre o observador e o observado, incentivando reflexão e senso crítico. A paisagem é vista como um acúmulo de camadas estéticas, sociais e críticas que compõem um espaço. Na proposta do artista, a casinha de prazer é comparada a uma semente, simbolizando acolhimento e o tempo necessário para o surgimento de novas ideias e a reelaboração do eu. Esse espaço permite uma desconexão da realidade cotidiana, ressaltando a importância do tempo necessário para cada novo ciclo de vida.
Para alinhar o conceito de tempo na natureza, o artista transforma a casinha em um espaço expositivo, apresentando três telas de uma planta comum nos jardins das casinhas, a Monstera deliciosa. Essas pinturas representarão os ciclos de vida da planta, enfatizando a conexão entre corpo, flor, semente e prazer. Além disso, o projeto inclui a realização de visitas guiadas, lives com agentes culturais e documentações fotográficas e em vídeo, reforçando a interação entre o artista, a obra e o público.
